Durante três anos vivi nos EUA, mais precisamente do final de 98 até 2001. Os motivos que me levaram até lá foram os de sempre, falta de grana e perspectiva aos 45 anos de idade, males que acometeram muitos quarentões daquela época, deixando-os fora do mercado de trabalho. Não só eu, mas muita gente da minha geração tentou o "american dream", alguns por via digamos, pouco ortodoxas.
Mas entrei pela porta da frente, com um contrato de trabalho e um visto legal. Quando voltei e ao longo dos anos, fui me dando conta que havia presenciado alguns dos mais representativos fatos da vida econômica, política e social americana recentes como o final dos anos Clinton, a eleição fraudulenta de George W. Bush e o 11 de Setembro. Sim, eu estava lá..
Mas, o mais importante, tinha conhecido e convivido com o mundo subterrâneo americano, a vida dos ilegais que sustentam grande parte da economia ianque, suas manobras e exercícios de sobrevivência, uma luta violenta, surda e silenciosa que ocorre logo abaixo da aparente normalidade do american way of life. De tanto contar as minhas aventuras e desventuras em plagas do Tio Sam, alguém me sugeriu que colocasse isto no papel.
Reuni minhas lembranças e anotações esparsas em pedaços de papel e logo tinha um calhamaço de mais de 200 páginas. Ali registrei meu encantamento inicial com a vida americana, a aparente riqueza infinita (anos Clinton, lembrem-se bem...) e os primeiros problemas de adaptação ao dia a dia em terras estranhas. Por fim, um certo desencantamento - ou maior capacidade crítica - que culmina com o atentado do 11 de Setembro e a volta ao Brasil.
Daria um livro, por certo, mas aí eu esbarraria num problema, a exposição desnecessária de algumas pessoas que me são caras e ainda se encontravam lá, vivendo a dura realidade da vida clandestina. Passou-se o tempo, desisti de registrar em livro, mas vez por outra os "fantasmas" voltavam a me assustar. Era preciso exorcizá-los de alguma maneira e a que encontrei inicialmente foi criando um blog, o “Diários do Auto Exílio”.
Por fim, não há aqui nenhuma intenção dos “Diários” em servir como guia ou referencia a quem quer que seja. É apenas o depoimento de alguém que viveu à sua maneira o sonho americano e aqui expõe as entranhas, com suas ilusões, esperanças e eventuais desencantos.
Espero que gostem.
(foto arquivo pessoal)
Um comentário:
Matando as saudades daqui!
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